Clube de Leitura Infantil: Pretinha, Eu?

Uma história reveladora do que ainda enfrentamos no nosso dia-dia: o racismo, combinado com uma série de preconceitos e discriminações, em nosso país, para quem tem o tom de pele mais escura e quando residentes de territórios vulnerabilizados, como são conhecidas as favelas e periferias. Essa foi a leitura pano base para as conversas do Clube de Leitura Infantil de 2022, da Biblioteca Casa Viva, que trabalhou com o livro: “Pretinha, eu?” de Júlio Emílio Braz.

Realizado no segundo ciclo do ano, no mês de setembro, o clube de leitura infantil, além da leitura compartilhada do livro “Pretinha, eu?”, mediado pela arte educadora Grace Elen, da Biblioteca Casa Viva/RedeCCAP, pode trazer às crianças participantes dos encontros reflexões sobre o que significa uma pessoa não se reconhecer como negra, o que é miscigenação, autodeclararão, e ainda, o que significa olharmos para a imagem de uma pessoa negra e não identificar a beleza de um penteado como a de um cabelo trançado; instigando as crianças a relatarem experiências e situações pessoais em suas trocas cotidianas. Mais que isso, durante o clube de leitura, elas puderam trazer e trocar aprendizados sobre a temática racial na escola, nas relações familiares e interpessoais; puderam refletir e debater juntas, sobre a importância de dizer não ao racismo, com a propriedade do: Porque sim, somos todos iguais, merecemos respeito e vivermos sem violência!!!

“Uma pessoa negra pode ser advogada se assim desejar!”, comentou uma delas.

…”E por isso mesmo, não deve ser vista como alguém que pode matar”, ponderou outra criança.

Ao percorrer dos 5 encontros do clube de leitura, as crianças puderam ler, sorver e absorver reflexões e relatos, mas foram ainda incitadas por questões de nossa história, como: o que significa termos passado por um processo de escravidão, desde a chegada do europeu em nossa terra, já habitada pelos povos originários, que tiveram a sua cultura e seu modo de ser violentados, e submetidos ao trabalho forçado; o quanto essa violência arquitetada pelo europeu buscou dividir os povos africanos, que ao chegarem em nosso país em condições desumanas, nos navios tumbeiros, eram separados até mesmo de seus filhos. Destacamos junto a elas o perigo da história única, com que ainda nos é contada a nossa história, baseada com visões eurocentradas. Conceito destacado no livro: “O perigo de uma história única”, por Chimamanda Ngozi Adichie.

Temos que toda troca durante o Clube de Leitura Infantil de 2022 nos norteia do longo caminho a se trilhar em nosso país frente ao enfrentamento a desigualdade racial. E meio aos desafios da era da informação, o livro, forma que na era atual pode ser visto como entediante para crianças e jovens, que tem a leitura como cada vez mais ausentes, já que as mídias sociais se desenvolvem para cada vez serem mais atraentes, é um caminho favorável! A leitura. Ler autor negro e comprometido com uma literatura negra e afetiva, contribuem para trilharmos o caminho da RedeCCAP, de levantar informação e reflexão para os agentes que pretendemos somar na formação, o que nos reforça que se faz necessário a promoção e o fomento de leituras a partir da perspectiva do letramento racial para que as histórias sejam contadas, avaliadas e refletidas. Para que possamos de fato, vivermos em igualdade e equidade em nosso país!!!

Com esse compromisso, munidos da caminhada, damos as boas vindas ao novo ciclo de 2023 e nos preparamos para o próximo Clube de Leitura Infantil da Biblioteca Casa Viva/RedeCCAP, que neste ano será ainda no primeiro semestre letivo!

Aspiramos respeito para Manguinhos e vivermos sem violência!!!

Fonte: Vanessa Almeida – Relatora do Clube de Leitura Infantil

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