Projeto Fala Meninas! Promoção e defesa dos direitos sexuais e reprodutivos na adolescência
O processo de colonização Portuguesa tinha a base cristã (catolicismo) como mecanismos para a dominação das massas, que o legitimava como sendo a própria vontade de Deus em espalhar a “verdadeira fé” a todos os povos. Descendentes desse processo dominador, atualmente, nossos costumes e hábitos são muitos arreigados nessa fé. Logo, uma rápida procura no google nos leva a links como: 70 Razões para se Guardar o Sábado / Por que devemos guardar o sábado? / Promessas àqueles que guardam o sábado / etc…
Não obstante, a satisfação da professora Carmen Corato, doutora em serviço social e coordenadora geral do Projeto Fala Meninas! Promoção e defesa dos direitos sexuais e reprodutivos na adolescência, projeto que reuniu com êxito um grupo de 18 adolescentes entre 13 e 17 anos, ao longo de 11 sábados (das 10 às 12h), se justifica:
O projeto foi muito exitoso! A gente não teve nenhuma evasão, ao contrário, a gente manteve todas as adolescentes do primeiro dia do projeto até o último. E a gente entendeu que foi exitoso tanto por que não teve evasão (por que a evasão é um fato na educação brasileira), mas também por que esse projeto serviu como um processo de formação política para consciência racial, sexual, para que a participação na vida política dessas adolescentes seja ativa, sobre tudo para que a gente não tenha governos fascistas como o do Bolsonaro, então, a medida que essas meninas tem consciência dos seus direitos, elas não tem como apoiar esse tipo de governo.
Corato _ Coordenadora Geral do Projeto Fala Meninas!
Segundo Corato, o projeto teve o objetivo de trabalhar a temática da desocidentalização dos corpos negros, frente uma sociedade racista e sexicista, que vê na população negra o seu inimigo principal e o relevante dado estatístico de que 27,8% da população brasileira são de mulheres negras, muitas, adolescentes que irão compor o grupo de mulheres adultas e economicamente ativas no país, mas que têm baixa representatividade na política. Assim, foram reunidas jovens nos meses de outubro à dezembro no espaço da sede da RedeCCAP para aulas sobre temas como: ‘Amor como prática de liberdade’; ‘Política nacional de saúde integrada da população negra; ‘Direitos humanos e violência no território’, ‘Estatuto da criança e do adolescente’; entre muitos outros.
…considerando que nossos direitos são violados, enquanto as populações negras e indígenas, a gente quis trabalhar conteúdos com direitos sexuais reprodutivos, conteúdos sobre a rede de proteção, sobre tudo na área da saúde da criança e do adolescente, ginecologia natural…
Corato _ Coordenadora Geral do Projeto Fala Meninas!
Uma realização do Coletivo de Mulheres Negras e Afroindígenas Zacimba Gaba o Projeto Fala Meninas! Promoção e defesa dos direitos sexuais e reprodutivos na adolescência foi desenvolvido com incentivo do Fundo Brasil e parcerias com o Instituto Pevifalab e RedeCCAP, com oficinas locais no território de Manguinhos, que contemplaram moradoras locais, para debates e reflexões acerca da defesa dos direitos humanos, sob a temática da humanização dos corpos negros.
*O Coletivo de Mulheres Negras e Afroindígenas Zacimba Gaba é composto por mulheres com perfil de militantes, ativistas, pesquisadoras e trabalhadoras no primeiro e terceiro setores, participantes de movimentos sociais, organizações e coletivos de mulheres, de estudantes universitárias/os/es negras/os/es. Atuações coletivas e individuais que acabam por traduzir a diversidade da atuação das mulheres inseridas neste grupo, são eles: Fórum de Manguinhos, Coletivo de Mães de Manguinhos, Grupo Articuladas, Coletivo de Estudantes Negres Dona Ivone Lara do Curso de Serviço Social da UFRJ, Casa Mãe Mulher, Observatório de Trens do Rio de Janeiro, Observatório de Favelas da Maré, Coletivo de Juristas Negras do Brasil, Justiça Global, Kilombo Escola, Grupo Jongo da Lapa e a Ala dos Compositores do Império Serrano, além de construir constante diálogo com diferentes organizações e em diferentes espaços institucionais, espaços não formais de educação.