1ª apresentação trimestral Escola de Música de Manguinhos – EMM_2023

“Para nós, “Anunciação”, faz pensar no quanto é preciso trabalhar em equipe para uma música nascer e para o arranjo ficar bonito…”

“Nas aulas, nossa escolha de música foi caótica. Muitas ideias, muitas sugestões, muita animação…”

“… A cada folha (de um trevo -título da música apresentada na sequência-) é atribuído um significado: Esperança, Fé, Amor e Sorte. E é exatamente com todos esses sentimentos entrelaçados que compartilharemos com vocês este arranjo vocal que fizemos com os alunos de canto. E desejamos para todos nós, muita esperança, fé, amor e sorte.”

Estes são trechos de frases ouvidas na manhã do último sábado, dia 27 de maio, no auditório do Espaço Casa Viva, que marcavam a Primeira apresentação trimestral da EMM (Escola de Música de Manguinhos), e estas contextualizações eram prenúncias envolventes às chamadas para cada uma das apresentações das turmas e dos alunos das aulas ministradas no Espaço.

Para tanto, a prazerosa manhã contou com a mediação de Jeanine Bogaerts (apoio pedagógico) e Raminson dos Santos (professor de teclado), quem alegremente noticiava as chamadas e nos dava informações sobre destaques, como o da aluna Bruna Rafaely, que começou na turma de musicalização e agora também está tocando cavaco e bateria.

Assim, a eufônica “casa cheia” reuniu familiares e convidados para um momento emocionante, com o proposito de consumir arte e criticidade, se valendo ainda como uma propícia circunstância para os alunos “calejarem” o aprendizado.

Com a missão, a manhã correu pelas músicas:

  • “Garota de Ipanema” (Tom Jobim e Vinícius de Moraes);
  • “Anunciação” (Alceu Valença);
  • “Trevo” (Ana Caetano e Tiago Iorc);
  • “Bendito Senhor” (Autoral de Jorge Augusto Bezerra – aluno de violão);
  • “Pra matar o preconceito” (Manu da Cuíca e Raul de Dicaprio);
  • “Ele não desiste de você” (Marquinhos Gomes);
  • “Comportamento geral” (Gonzaguinha);
  • “Várias queixas” (Germano Meneghel, Afro Jhow e Narcizinho – ritmo Ijexá Áfricano);
  • Mash up de “Smoke on the seven waters” com “O descobridor dos sete mares” (respectivamente: Deep Purple e Michael e Gilson Mendonça);
  • “Isn’t she lovely” (Stevie Wonder);
  • “Ai que saudade d’ocê” (Vital Farias).

Como há de ser, contou novamente com repertório bem diversificado, versando da MPB ao Rock, passando pela escolha de música gospel com tento de conciliar o cavaco ao gênero à escolha de música autoral de um aluno da EMM. Sempre tendo como norte os agentes de denúncia e transformação social que se quer fortalecer, a apresentação ressoou refrãos como:

“Falam que meu cabelo é ruim
É bombril, toin-oin-oin, é pixaim
O olhar tipo porta de serviço
É um míssil invisível contra mim

Sou criola, neguinha, mulata e muito mais, camará
Minha história é suada igual dança no ilê
Ninguém vai me dizer o meu lugar”

Da música “Pra matar o preconceito”, interpretada na manhã pelo Grupo Música Na Calçada, grupo formado em resultado das oficinas de educação musical do Espaço Casa Viva -sempre atentos às questões sociais-.

E a letra de “Comportamento geral”:

“Você deve notar que não tem mais tutu
E dizer que não está preocupado
Você deve lutar pela xepa da feira
E dizer que está recompensado

Você deve estampar sempre um ar de alegria
E dizer: tudo tem melhorado
Você deve rezar pelo bem do patrão
E esquecer que está desempregado”

Canção do vulto da música “Gonzaguinha”, que critica o comportamento de apatia, de submissão, comum em nossa sociedade, que faz com que muitas vezes acabemos por aceitar injustiças e sejamos docilizados.

Não se valendo o encontro só de apresentações musicais, os presentes ainda puderam conhecer o instrumento Lap steel, que segundo o aluno, dono do instrumento, é um item típico que só se encontra no Rio Grande do Sul e é uma guitarra originária do Havaí.

Outra distinção importante é a apresentação da música “Bendito Senhor”, uma composição de um atual estudante da turma de violão, como sinalizado acima, chamado Jorge Augusto Bezerra, que foi selecionada para a apresentação, em consenso na turma, por ser uma oportunidade de abordar diversos assuntos musicais e, ao mesmo tempo, vivenciar o processo da produção musical, desde a feitura da composição, o processo de acertar os detalhes, de como executá-la nos ensaios e, finalmente, a culminância na apresentação abertamente pública.

O Espaço Casa Viva e a EMM entendem os momentos de alegres horas para muito além da prática, como um marco que aguça os alunos em diversas frentes, de forma a estimular outras competências, como as inteligências socioemocionais, interpessoal e prática… E estimula com entusiasmo as iniciativas dos discentes!

Assim, mais uma vez firmando que “Um novo fazer musical” é coisa de Manguinhos, da EMM, do Espaço Casa Viva, se ressoa em uníssono os desejos para todos: “trevo“.

E que se apropriar da cultura e da cidadania é falar de potencia em território de exclusão!!!

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