“Memória enquanto direito humano!” A Arte como instrumento das memórias e a Arte de Ver Manguinhos
No encontro temático de julho de 2021 do Fórum Favela e Universidade, falamos sobre Memória enquanto direito humano!
Um tema apropriado nestes tempos pandêmicos com o acirramento das políticas negacionistas, de apagamento e silenciamento como forma de controle social desumanizado; suscitou uma discussão regada de citações afirmativas dos direitos, do afeto e de comprometimento numa prática assertiva de ações que valorizem a Memória através de diferentes suportes empíricos como: a voz, a música, a imagem, os textos, etc.
(Re)[1]: Reter os fatos, Revisitar as experiências do passado e (Re)transmití-los às novas gerações é uma prática humana e (Re)contar, (Re)gistrar, (Re)memorar, são fundamentos precursores para (Re)tomadas de práticas assertivas em pról de marcos de dignidade para a vida humana.
As vidas não são descartáveis, o combate às desigualdades e à resistência da naturalização da morte e da segregação, que é sistêmica e estrutural neste país, deve ser a bandeira do direito a memória que qualifica a luta política das favelas e periferia.
Contar as vivências remete aos “Griôs” com sua oralidade e Paulo Freire com suas Rodas de conversas ouvindo, sistematizando juntos e introjetando saberes com trocas e diálogos; valorizando as história e recontando-as com vida, com cultura, com arte produzindo temas geradores de saberes, inclusão e conhecimento.
A memória como direito humano é acreditar num horizonte futuro de : Possibilidades, de Trocas de saberes, de Reconhecimento, de Construções e (Re) Construções e sobretudo de Produção de Conhecimentos e Memórias.
Considerando a arte como um instrumento de memória, apresento á vocês a rica experiência do Espaço Casa Viva Redeccap que através da arte, educação e cultura; com suas oficinas de música, literatura e desenho; promove a cultura como memória que potencializa a vida e qualifica a luta política das favelas.
A Arte de Ver Manguinhos surge sob a inspiração das palavras de Candido Portinari: “Devemos pintar como sentimos, mas devemos saber pintar o que sentimos” e esta experimentação permite que os intelectuais da favela expressem as trajetórias do passado e direitos renegados, através da pintura, desenho e literatura, perpetuando em suas produções as suas impressões transformadoras sob a perspectiva de territórios saudáveis e sustentáveis e (re)significando a Vida.
Elizabeth Campos
Educadora Social – Coordenadora do Espaço Casa Viva – Redeccap em Manguinhos
[1] Chamo do Joguinho do (Re) na perspectiva de sugerir tantas outras palavras de senso afirmativo a memória