NOSSA LUZ, NOSSA LUZA, NOSSA REINVENÇÃO

Que responsabilidade nestes dias pandêmicos celebrar e referendar a vida.

Que importante!

Sim. Celebrar e  referendar, nestes dias de tantas incertezas, tristezas, adoecimentos e morte; é além de reinvenção um grande desafio à Resistência.

Trazer vida, sorrisos e força para vencer os obstáculos que se apresentam a todo tempo e em especial para moradores das favelas e periferias.

Nossa Luz, nos ilumina e encaminha para a busca de soluções aos problemas de modo inovador e comprometido com as vidas e as histórias.

Nossa Luza é a personificação da mulher guerreira, batalhadora e inspiradora. Com grandes braços que afaga à todos os que chegam e que ao receber acolhida retribui com um belo sorriso no olhar.

Nossa Luza representa  as mulheres da  favela, chefes dos seus lares, responsáveis pela educação de seus filhos e netos, mantenedora das necessidades básicas de qualquer família.

Nossa Luza representa aquela que sorrí, quando se quer chorar;

Que se angustia , mas se revigora quando  está perto dos seus…

Nossa Luza toca pandeiro, canta, brinca, dança; para não se deixar levar pelas tristezas que a vida traz.

Nossa Luza chega no projeto Casa Viva trazendo  seus netos para fazerem os cursos. Primeiro ela trouxe a sua neta mais velha, depois o neto menino, depois as netas gêmeas vinham acompanhando e foram ficando e agora o neto mais novo… Ela é assim mesmo, vai chegando e se alojando…

Mas, o Casa Viva é este lugar mesmo!

Lugar de chegada,

Lugar da gargalhada,

Lugar da alegria,

Lugar da acolhida!

Mas a nossa Luza não se contentou e veio fazer as aulas no projeto.

E a arte veio fazer parte dessa família que voltou a sorrir, projetar e viver.

Nos dias de tantas tensões, pandemia da Covid 19, desempregos, adoecimentos e angústias…

Contar com este lugar onde a Arte, a Educação e a Cultura são ferramentas de desenvolvimento, traz um alento ao coração e a alma.

A segurança alimentar também faz parte das ações do Casa Viva que em parceria com outras instituições amigas, procura propiciar condições de alimentos para os seus alunos inscritos.

Nestes dias de pandemia, os netos estão  em sua casa. Os mais novos fazem as atividades on line que o projeto oferece, e segundo ela diz: “É o melhor momento do dia!” “rsrs” e deu uma bela gargalhada.

De fato, o Casa Viva é o lugar de escolha,

O lugar de refúgio,

O lugar das possibilidades!

E essa é a Nossa Reinvenção!

Aulas on line, reuniões on line, um envolvimento maior com os alunos e familiares, uma troca de saberes, sorrisos e bem querer.

Uma prática de superação e auto conhecimento, para perceber e reconhecer as nossas potencialidades.

Uma reafirmação do compromisso com a favela e  as histórias das vidas que depositam em nós a máxima confiança.

Nossa reinvenção:  Somos nós!

Ousados,

Cientes,

E apaixonados em viver!

Por Elizabeth Campos

A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA E A PANDEMIA DO COVID 19

No campo onde constituímos nossa forma de ver o mundo existe uma dimensão simbólica. É nesse espaço em que a violência simbólica é estabelecida.

Mas o que é essa violência simbólica? E o que tem a ver com a pandemia da Covid 19?

Já lidamos com tantas violências no nosso dia a dia e agora mais essa. Já não basta essa pandemia que me fez perder o emprego, diminuiu a minha renda, preciso de cestas básicas para complementar a alimentação da minha família. Perdi um amigo ou um familiar para esta doença.  Você pode está se perguntando.   

Segundo Bourdieu, sociólogo francês, os seres humanos possuem quatro tipos de capitais, são eles:

1) o capital econômico, a renda financeira;

2) o capital social, suas redes de amizade e convívio;

 3) o cultural, aquele que é constituído pela educação, diplomas e envolvimento com a arte;

4) capital simbólico, que está ligado à honra, o prestígio e o reconhecimento.

É através desse último capital que determinadas diferenças de poder são definidas socialmente. Por meio do capital simbólico, é que instituições e indivíduos podem tentar persuadir outros com suas ideias.

 O conceito foi definido por Bourdieu como uma violência que é cometida com a cumplicidade entre quem sofre e quem a pratica, sem que, frequentemente, os envolvidos tenham consciência do que estão sofrendo ou exercendo.

Sabe por que?

Porque o mal já está tão naturalizado que não incomoda. Pensa-se ser da vida: “a vida é assim mesmo”, “o que pode ser feito”, “nasci para passar por isto”

Este pensamento ou esta prática segrega, restringe, nega o reconhecimento, a valorização do ser humano e sobre tudo nega os direitos.

Nos faz lembrar o conceito da Necropolítica (Achille Mbembe), que é o uso do poder social e político para ditar como algumas pessoas devem viver e como algumas pessoas devem morrer.

A violência simbólica é nefasta, pois determina pelo seu tom de pele, seu endereço, suas condições de vida se você é capaz ou não e se é sujeito de direitos ou não.

Você já ouviu falar sobre a “banalização do mal”? É simplesmente o mal como causa do mal. É a naturalização  e a internalização da maldade.

Num país, construído em cima das violências, a herança cultural das desigualdades sociais e impunidades sedimentaram e  naturalizaram  a violência, legitimando a escravidão, tendo o outro como posse e arraigando o imaginário social e coletivo que toda a banalização da vida é possível.

E nestes dias de pandemia, onde o adoecimento físico e mental se faz presente nos lares e nas vidas das pessoas; assim como o desemprego, a dificuldade de  alimentos, à serviços e uma  qualidade de bem estar; ficou mais evidente e para alguns: desesperador.

E nestes dia de flexibilização, onde parece que está tudo normal… Não está normal!

São outros desafios e novos tempos.

A reinvenção é necessária e por isto a nossa atenção deve voltar para não cometermos os mesmos erros. Somos sobreviventes deste novo tempo!

A Valorização do ser humano, a garantia e a promoção dos direitos em busca de uma vida de dignidade, de bem viver, de qualidade de vida, do desenvolvimento do indivíduo e do coletivo, do acesso aos direitos com serviços eficientes e eficazes e a prática de uma cidadania ativa; deve ser o início da mitigação destas injustiças em favor dos determinantes sociais para uma cidadania plena.

Vamos fazer o exercício proposto por José Saramago e “… sair da ilha. Não nos vemos se não saímos de nós.”

Por Elizabeth Campos

NOSSAS VÍDEOS AULAS DO PROJETO ESTÃO DISPONÍVEIS EM NOSSO CANAL DO YOU TUBE!

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