EMM apresenta: Baile Vila Noturna

Qual o gênero musical que pertence a favela? Faça essa pergunta a quem estiver ao seu lado e espere a resposta…

Poderá ouvir algo sobre o samba, concebido como manifestação cultural da classe trabalhadora, que foi, desde seu nascimento, perseguido e marginalizado.¹ Algo sobre o funk carioca, derivação do funk mais presente no Brasil, surgida na década de 80 e que teve explosão nos bailes funks dos anos 90.² Ou sobre o rap. O trap. Ou o sertanejo; que em janeiro de 2020 teve matéria no site do jornal Estadão intitulada “Sertanejo supera o funk como gênero predileto nas favelas”. ³

Mas, a resposta que nossa instituição dá a questão é que, apesar de sabido haver uma preferência de massa inerente a um recorte temporal pré estipulado, nós não acreditamos em rótulos e, simplesmente, buscamos a incorporação da identidade e o fortalecimento potencial dos alunos em nossas ações, de forma que ofertar conhecimento, informação e experiência, os mais plurais possíveis, é nosso compromisso, na construção de uma cidadania verdadeiramente democrática.

Sob esse prisma, no primeiro sábado do mês de agosto (06) a Escola de Música de Manguinhos abriu as portas do Espaço Casa Viva para receber o Baile Vila Noturna. Montagem musical do instrumentista, compositor e professor da Escola de Música de Manguinhos, Thiago Kobe.

A tarde, que contou com abertura musical do Grupo Música na Calçada, pincelou músicas com obras de compositores como Baden Powell, Moacir Santos, Gilberto Gil, Dominguinhos, João Bosco, Mateus Aleluia e muitos outros. Também se incumbiu de apresentar a sintonia entre um trio formado por bateria, baixo e o vibrafone4, instrumento que é a principal ferramenta de expressão artística de Kobe e que foi apresentado pela primeira vez aos alunos presentes.

O Baile Vila Noturna é uma obra musical baseada no emprego do instrumento vibrafone e o trabalho acaba se traduzindo, segundo o artista, como “um abraço afrodiaspórico entre três espaços: As culturas africanas que criaram e desenvolveram diversos teclados barrafônicos (dos quais o vibrafone se origina). A cultura jazzística afro-estadunidense, território fértil que possibilitou o nascimento do instrumento. E a cultura afro-brasileira, principalmente do samba e do choro”, suas principais influências, já que o samba é a maior paixão do instrumentista e gênero que concentrou a maior parte de suas pesquisas e experimentações com o instrumento.

No encontro cheio de referenciais, instrumento e paixão puderam ser apresentados aos alunos presentes e entes convidados, se valendo como uma obra musical que em contento ofertou um aprazível momento de contemplação e aquisição de conhecimento para para todos.

Conhecimento que se divide, se multiplica!!!

1 https://bndigital.bn.gov.br/exposicoes/ai-ai-ai-cem-anos-o-samba-faz/a-marginalizacao-do-samba/

2 https://brasilescola.uol.com.br/artes/funk.htm

3 https://cultura.estadao.com.br/blogs/direto-da-fonte/sertanejo-supera-o-funk-como-genero-predileto-nas-favelas/

4 Instrumento musical inventado no século XX, tocado com baquetas e composto de diversas teclas de metal com altura definida, montadas num suporte sobre tubos que servem para amplificar seu som e também agem como ressonadores e que costumam ser vistos com mais destaque nas montagens de jazz.

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